Na última semana, a galera do trabalho se reuniu para comprar um presente de aniversário para um de nossos colegas, e entre algumas sugestões, foi escolhido presentear com discos de vinil.
O presente surpreendeu o aniversariante e me inspirou a entender melhor a escalada do gosto retrô em plena geração do Spotify.
Joguei no Google rapidamente e conheci “A Vingança dos Analógicos”, livro do David Sax, que devorei em algumas noites e me ajudou a compreender um pouco melhor como as tecnologias analógicas ainda conseguem nos seduzir.
Então vamos lá?
O preço médio de um LP é de R$ 100,00, bem acima de um CD campeão em vendas (álbum “Divide” do Ed Sheeran, custa R$ 30,00). Temos ainda a música por dados (ITunes e Spotify) que é a própria expressão da comodidade.
E apesar disso, somente nos EUA, desde 2007 a taxa de crescimento anual da Indústria de LP (disco de vinil) é de 20% ao ano. Em 2015 eles foram responsáveis por quase 25% dos lucros relacionados à venda de música (dados do autor).
De olho neste mercado, novas fábricas tem surgido na Europa e também aqui no Brasil (https://vejasp.abril.com.br/cidades/fabrica-vinil-brasil/).
Outro dado compartilhado por uma pesquisa (www.musicwatchinc.com) é que metade dos compradores de vinil tem menos de 25 anos e 44% são mulheres.
Então não falando de um público nostálgico, que busca resgatar lembranças do fundo do baú, mas de jovens descolados.
Mas, afinal, o que faz com que jovens que nasceram com amplo acesso à internet e aos serviços de streaming busquem consumir a música pelo vinil ?
A resposta está na experiencia.
Experiência do processo de compra, das gravuras dos álbuns, do transporte do disco, do cheiro do vinil, do prazer em apresentar a coleção aos amigos e até na degustação infindável do som da agulha da vitrola vibrando no PVC.
É claro que a música por meio de dados nos traz conveniência, mas é um processo frio e chato. Você não convida alguém para ir a sua casa escutar sua playlist, não é mesmo?
Já a música por meio do vinil é o ápice da experiência!
Portanto, não basta evoluir e racionalizar o processo, adicionar tecnologia, “prototipar” um público e acreditar que tem um bom produto ou ideia para um dia virar um unicórnio.
Mesmo as soluções mais inovadoras necessitam do poder transformador de uma experiência humana e verdadeira.
A inovação tecnológica deve ser sempre o meio e nunca o fim. Por mais avançado que esteja o processo digital, ainda é na arena analógica que mora as emoções.
Pense nisso e boa jornada!